PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

sábado, 8 de outubro de 2011

Rápido desencanto com a realidade da guerra
"De repente, uns silvos estridentes nos precipitaram ao chão, apavorados. A rajada acaba de estalar sobre nós. Os homens, de joelhos, encolhidos, com a mochila sobre a cabeça e encurvando as costas, se apegavam uns aos outros. Por baixo da mochila dou uma espiada nos meus vizinhos: arquejantes, sacudidos por tremores nervosos e com a boca contraída numa contração terrível, batiam os dentes e, com a cabeça abaixada, tem o aspecto de condenados oferecendo a cabeça aos carrascos. Esta espera da morte é terrível. O cabo, que havia perdido seu capacete, me diz: rapaz, se soubesse que isso era a guerra e que vai ser assim todos os dias, prefiro que me matem logo. (...) Na sua alegre inconsciência, a maioria dos meus camaradas não havia jamais refletido sobre os horrores da guerra e não viam a batalha senão pelas cores patrióticas: desde nossa saída de Paris, o Boletim do Exército nos conservava na inocente ilusão da guerra ser um passeio e todos acreditavam na história dos boches se renderem aos magotes. (...) A explosão daquele instante, sacudiu nosso sistema nervoso, que não esperava por isso, e nos fez compreender que a luta que começava seria uma prova terrível. Escute meu tenente, parece que se defendem estes porcos!"
- Diário do ten. Galtier-Boissière, na frente ocidental em 22 de agosto de 1914.

Muitos países que participaram na 1 guerra mundial tinham a ideia que esta iria acabar rapidamente.
Neste documento verificam-se os nervos com que muitos soldados ficavam quando se dirigiam para o campo de batalha ("sacudidos por tremores nervosos ") e também a ideia que muitos tinham de que a guerra ia ser dura,longa e  terrível ( "que a luta que começava seria uma prova terrível"). Os movimentos patrióticos e nacionalistas eram também evidentes nesta guerra, tendo muitos uma ideia errada da dimensão e das consequências do conflito( "a maioria dos meus camaradas não havia jamais refletido sobre os horrores da guerra e não viam a batalha senão pelas cores patrióticas").



Baixas entre as oito potências - 1914/1918

Países
Mobilizados entre 1914-11918 (em milhões)
Mortos
Feridos
% de mortos, inválidos ou feridos em relação ao total mobilizado
França
8.410
1.35
3.5s
60
Grã-Bretanha
8
0.95
2
37
Itália
5.250
0.5
?
-
Estados Unidos
4
0.1
?
-
Rússia
-
2.3
?
-
Alemanha
13
1.6
4
41
Austria-Hungria
9
1.45
2
38
Turquia
-
0.4
?
-

 
Perdas materiais da França

Escolas
1.500
Igrejas
1.200
Edifícios Públicos
377
Fábricas
1.000
Outros edifícios
"246.000
1.875 milhas quadradas de florestas devastadas
8.0 milhas quadradas de terras cultivadas.

Fonte: Martin Gilbert; O Tratado de Versalhes, In His do Sec. 20.
Empréstimos aos aliados (em libras)
Países
Grã-Bretanha
EUA
Grã-Bretanha
-
3.164,80
França
1.590,60
2.092,20
Itália
1,514,80
1.168,20
Rússia
2.082,00
138,00
Outros
1.184,00
3.367,00
Total
6.371,40
9.930,20
Nestes 3 quadros estão presentes algumas das consequências da primeira guerra mundial.
No primeiro quadro observamos as baixas humanas nas oito principais potências. Sendo que milhões de pessoas morreram, ficaram feridas ou mesmo inválidas. Também a percentagem de mortos, feridos ou inválidos em relação ao total mobilizado, nestes países é elevada, apresentado valores em alguns casos superiores a 50 %. Na minha opinião isto aconteceu porque esta guerra de trincheiras foi muito cansativa e dura, morrendo muita gente à fome, à sede ou com fadiga e não propriamente no conflito armado. Noutros casos os exércitos mal armados podem justificar esta situação.
No quadro seguinte comprova-se a devastação que a França, um país europeu, apresentava. Depois da guerra os países europeus estavam completamente destruídos. Desde escolas, a fábricas até aos próprios campos agrícolas. A guerra deixou então a Europa devastada em termos económicos.
Esta situação fez com que a Europa começasse a desenvolver uma política de reconstrução e reconversão que passava pelo auxílio monetário e financeiro dos EUA( país que não foi afetado na guerra e por isso conseguiu desenvolver-se). Todo este ao auxílio observa-se no ultimo quadro. No após guerra os EUA passou a ser o principal credor da Europa e não o principal devedor.

<<As consequências imediatas da Primeira Guerra Mundial foram evidentemente as baixas humanas. O conflito fez mais de 8 milhões de mortos (1,9 milhões na Alemanha, 1,7 milhões na Rússia, 1,4 milhões na França, 1 milhão na Áustria-Hungria e 760 mil na Inglaterra), 20 milhões de feridos e 6 milhões de inválidos. Traduziu-se igualmente em grandes perdas económicas e em enormes gastos com o esforço de guerra, lançando muitos Estados em sérias crises. A Europa passou por um período de dependência económica e também de instabilidade política, perdendo a sua posição de hegemonia que ocupava no panorama mundial.
Em termos económicos, a Europa ficou completamente desorganizada, com graves problemas no setor agrícola e industrial. Os grandes beneficiários desta situação foram os EUA e o Japão. No caso do Japão, o país pôde beneficiar do afastamento dos tradicionais concorrentes europeus, o que permitiu o estímulo e a diversificação da sua indústria. Os EUA lucraram também, pois viram as suas reservas de ouro duplicar, ficando nas suas mãos cerca de metade do ouro disponível a nível mundial. Este poderio económico vai permitir ao país substituir a pouco e pouco a preponderância financeira dos europeus, em particular na América do Sul. Segundo o tratado de Versalhes (28 de junho de 1919), a Alemanha era considerada a grande responsável pela guerra, tendo que pagar 22 milhões de marcos/ouro como reparação dos danos às populações civis. Este dinheiro foi repartido na sua maior fatia pela França (52%) e pela Grã-Bretanha (22%).
Mas mais significativa que os reveses económicos foi a reconstrução política da Europa, "plasmada" em vários tratados de paz assinados após a Guerra, reunidos sob o nome de Tratados de Versalhes, cuja ineficácia ficaria provada em menos de duas décadas. As negociações de paz reuniram 32 Estados, entre vencedores e vencidos, orientados sob os princípios idealistas do presidente americano Woodrow Wilson (1913-1921). Daqui resultaram problemas políticos que seriam posteriormente o rastilho para uma guerra ainda mais letal do que a que findava. Os problemas-chave latentes eram o direito de nacionalidade das minorias assimiladas pelos Impérios Austríaco, Russo e Otomano; a repartição dos territórios coloniais, não europeus; a vexação sofrida pela Alemanha (desmilitarizada, perdendo territórios e pagando indemnizações pesadas); e o fracasso da Sociedade das Nações (SDN), incapaz de fazer respeitar os acordos e manter a paz.
O mapa geopolítico da Europa foi então redefinido sobre os escombros da guerra. A Alemanha foi forçada a evacuar a Alsácia-Lorena, pertencente à França, e a margem esquerda do Reno (Renânia). A região do Sarre ficará sob o controlo da SDN, reservando ao território o direito de optar em relação ao país que desejasse integrar (a França ou a Alemanha). A Posnânia (na Polónia) e uma parte da Prússia (território alemão no báltico oriental) são dadas à Polónia, ainda que o acesso ao Báltico fosse assegurado por um "corredor" de 80 km, separando-se a Alemanha da Prússia oriental. O território do Norte de Schleswig foi também anexado à Dinamarca, após plebiscito entre a população (1920).
A Europa central e balcânica foi totalmente reorganizada a partir do desmembramento do Império Austro-Húngaro. A Hungria viu-se, todavia, amputada de parte do seu território pelo tratado de Saint-Germain-en-Laye (10 de setembro de 1919), perdendo ainda outras regiões através do disposto no tratado de Trianon (4 de junho de 1920). Segundo o tratado de Neuilly (novembro de 1919), a Bulgária foi forçada a ceder a Trácia à Grécia e a Macedónia à Sérvia. A Turquia teve também que abandonar as suas possessões árabes e a Terra Santa, o que correspondia a quatro quintos do seu império (tratado de Sèvres, 10 de agosto de 1920). Relativamente à Polónia, o tratado de Versalhes pouco precisou no que diz respeito à sua fronteira oriental com a Rússia. O desmembramento do Império dos Habsburgos (Áustria-Hungria) vai beneficiar a então recente república checoslovaca, a Roménia e a Sérvia, cujo Estado ficava com a posse da Eslovénia, a Croácia (com a Dalmácia).
Aos impérios históricos, formados sob o princípio da legitimidade, sucediam-se os novos países criados sob o princípio da nacionalidade, face à eclosão de diversos movimentos nacionalistas. Húngaros, polacos, checos e eslovacos e povos da ex-Jugoslávia proclamam a sua autonomia logo em 1918 no fim da guerra, enquanto se ouvem também os protestos de albaneses, arménios e gregos orientais (da Turquia). Ao mesmo tempo, os países que perderam com o alinhamento das fronteiras, como a Hungria e a Alemanha, mostravam o seu descontentamento aderindo a ideais como os saídos da terceira Internacional comunista ou mesmo a outros de expressão mais extremista, de direita nacionalista.
A Europa dividiu-se politicamente. A vitória dos Aliados era entendida como a vitória da democracia face aos impérios autocráticos. O garante desta nova ordem seria a SDN, instituída pelo tratado de Versalhes. A Sociedade tinha uma dupla função: por um lado, garantia a paz e a segurança internacional, e por outro devia desenvolver a cooperação entre as nações, encarando o espírito universal do parlamentarismo. Contudo, porque baseada em equívocos, a sua ação irá revelar-se insuficiente para evitar o deflagrar de um novo conflito.>>
Infopédia
Guerra das trincheiras
 Sociedade das Nações

Novo mapa geopolítico na Europa

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