Grande Depressão e o seu impacto social

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Acabavam os loucos anos 20, numa sexta-feira que se tornou "negra" nos anais da história americana e universal, por arrastamento. É talvez a primeira manifestação dos riscos potenciais da globalização económica à escala planetária. De há muito se notavam alguns sinais, desde pelo menos 1923, ano em que se evidenciaram os primeiros laivos de hiperinflação na Europa (Alemanha, Inglaterra...), ou então desde 1926, quando se assiste a um crescimento do desemprego agrícola nos Estados Unidos. Começava a diluir-se o estado de graça do pós-I Guerra nas principais economias mundiais.
1927 foi o ano em que tudo se começou a precipitar para algo que não foi nunca previsto. Assim, as empresas americanas começaram a reinvestir os seus capitais no fulgurante mercado financeiro de Nova Iorque, capitais esses que eram retirados de investimentos no estrangeiro para serem canalizados para a especulação bolsista. Situação que atraíu grande número de especuladores e agentes bolsistas, que capitalizariam, sem escrúpulos, com o crescente afluxo de inúmeras poupanças de famílias americanas, gerando cada vez mais lucros na bolsa nova-iorquina de Wall Street. O mercado mostrava-se cada vez mais sobrevalorizado, embora não se tenha feito muito para contrariar tal tendência, apesar do governo federal ter produzido alguma legislação relativa a lucros e recomendado aos bancos que controlassem a concessão de créditos para efeitos de investimentos bolsistas. Pouco adiantou, a tendência de alta descontrolada era impercetivelmente irreversível em 1929. A situação ganhou contornos ainda mais perigosos quando um crescente número de investidores decidiu retirar lucros da sua especulação bolsista, com a venda das suas carteiras de ações. A 23 de outubro daquele ano, uma quarta-feira, foram vendidos mais de seis milhões de títulos, uma transação que mais que duplicaria no dia seguinte (13 milhões de títulos), a célebre "quinta-feira negra". A tendência manteve-se na semana seguinte, com um "pico" a 29 de outubro, a quarta-feira mais trágica de Wall Street, quando foram transacionados mais de dezasseis milhões de títulos e com perdas que ascendiam a mais de uma dezena de milhar de milhões de dólares, criando um efeito de "dominó" noutras bolsas americanas logo de imediato. A Bolsa e o sistema financeiro americanos "desabavam", era o crash.
Falências intermináveis, ruína de um sem número de pequenos investidores, desemprego maciço, miséria, colapso económico da economia americana, tantas foram as consequências nefastas destes trágicos dias do crash de Wall Street, que arrastaram as economias ocidentais para uma espiral de crise aguda, a mais grave do século XX, a par da crise petrolífera de 1973.
Depósitos bancários são retirados, o crédito e decorrente capacidade de investimento económico colapsam, com mais de quinze milhões de americanos e quase outros tantos na Europa a engrossarem repentinamente as fileiras de desempregados sem solução laboral à vista. A agricultura americana, já depauperada por maus anos climatéricos sucessivos e graves problemas económicos fica, bruscamente, na pior crise de que há memória na história dos Estados Unidos da América do Norte.
( infopédia)

1ª República e os seus problemas

" A República, antes de ser um regime, foi um ideal e uma opção ética."
O ideal republicano começou a ser desenvolvido no imaginário dos burgueses e dos intelectuais e só depois, é que esse mesmo ideal foi transmitido aos setores mais pobres, tornando-se uma opção ética. Esta opção ética que a maioria da população seguiu, conduziu à queda da monarquia e à implantação da república, com a revolução de 5 de outubro de 1910.
"menos sensíveis ao rigor ideológico dos socialistas "
A ideologia socialista começava a ser divulgada, mas ainda com pouca importância, por isso os operários apoiaram as ideias republicanas.
" Reduzindo progressivamente o seu programa a uma simbiose de democratismo político, municipalismo administrativo, liberalismo económico e associacionismo social, num fundo eminentemente nacionalista e colonialista, parecia pôr ao alcance de todos o caminho certo para a Regeneração da Pátria..."
Portanto este espírito presente nesta parte do documento mostra o ímpeto de modernização que esta regeneração quis trazer ao país. Mesmo sem grandes sucessos.
" Identificando claramente o adversário- o rei, os partidos monárquicos, a igreja católica, os jesuítas..."
Os entraves causados pela oposição ao regime republicano foi uma das causas para a curta vigência da primeira república. A igreja estava descontente em consequência do anticlericalismo e de todas as medidas que estavam a tornar portugal um estado laico. Os grandes latifundiários e nobres como perderam a maioria das suas terras também estavam descontentes. Os monárquicos queriam voltar a instaurar uma monarquia em Portugal e a alta burguesia achava que os republicanos estavam a tomar medidas de carácter muito liberal.
" esta amplitude dificilmente resistiria à prova de fogo da governação num país economicamente em crise e de finanças abaladas..."
Portugal mesmo com algumas medidas da altura da regeneração, continuava a ser um país em graves condições económicos, financeiras e sociais. O país tinha uma agricultura pouco produtiva, uma indústria atrasada e minoritária e um comércio atrofiado. Insuficiência produtiva, carestia de produtos, inflação, desvalorização da moeda e défice da balança de pagamentos foram alguns dos exemplos que refletiam a economia portuguesa na primeira república. Esta situação explica a agitação social e o descontentamento e as consequentes greves e manifestações, onde os operários exigiam melhores condições de vida, melhores salários e maior proteção social. Todos estes problemas sociais e económicos ajudaram à queda da república em 1926.
A entrada de Portugal na 1ª guerra mundial agravou a situação económica portuguesa e aumentou o descontentamento da população.
"progressivo esvaziamento dos fins que o norteavam no mar encapelado da instabilidade política."
A instabilidade política foi outro dos aspectos que conduziram a república ao fracasso. O elevado número de partidos que existiam nesta altura em portugal, originavam grandes divergências no congresso e assim os governos não condições para governar durante muito tempo. Com esta situação a 1ª República registou  45 governos, 8 eleições presidenciais e 9 eleições legislativas.

(Frases retiradas do documento de António Reis, A República: " um ideal e uma opção ética")



Manuel de Arriaga, primeiro Presidente da República

Esquema que explica toda a 1ª República
desde da sua implantação até à sua queda

O general Gomes da Costa, em 28 de Maio de 1926, organizou, a partir de Braga, uma marcha militar sobre Lisboa. Ao chegarem a Lisboa os revoltosos fecharam o Parlamento e o presidente, Bernardino Machado, renunciou o cargo. Era a falência da 1ª República.

Rússia: Revolução e Conflito (dos Czares aos Sovietes)

sábado, 8 de outubro de 2011

<<O período das revoluções europeias do século XX inicia-se com a revolução russa. As ações dos bolcheviques inspiraram revolucionários de todo o Mundo. Embora a Rússia tenha sido palco de acontecimentos importantes, nenhum outro teve tanto impacto como a Revolução de 1917. Foi graças a esta que o país pode transformar-se numa potência mundial industrial e militar. A eclosão e desenvolvimento da revolução, "os dez dias que abalaram o Mundo", deram-se de forma rápida mas os seus efeitos foram permanentes, como a seguir se descreve. A Rússia não foi capaz de fazer face aos problemas suscitados pela guerra e nos anos de 1915 e 1916 enfrentava uma verdadeira desarticulação económica e social, agravada pela inabilidade do czar Nicolau II. Eram notórios os desejos da Duma, que pretendia a todo o custo derrubar o czar e instalar um governo parlamentar. Os escalões mais altos da sociedade contribuíam para alimentar um clima de conspiração, no entanto, nunca conseguiram concretizar este propósito pois foram ultrapassados pela crescente revolução popular, fruto das enormes dificuldades económicas por que passavam. As derrotas militares, a miséria instalada e uma autocracia odiosa para com os menos favorecidos constituíram ingredientes mais que suficientes para que, num curto espaço de tempo, a revolução triunfasse.
As manifestações de descontentamento eclodiram em fevereiro, 1917 em Petrogrado e rapidamente tomaram dimensões políticas. Em março o czar abdicava e formou-se um governo provisório estabelecido pelas figuras mais destacadas da Duma, mas com os seus poderes limitados pela existência do Soviete dos Deputados Trabalhadores e Soldados de Petrogrado, que constituía, de facto, um governo alternativo. Assim, o governo provisório não conseguiu sobreviver muito tempo devido às dificuldades internas com reivindicações decorrentes da dupla oposição entre os comités das fábricas (apoiados pelos bolcheviques e anarquistas) e os elementos da burguesia industrial que não cediam a qualquer tentativa de reforma proposta pelo governo socialista e pelos sovietes. Os problemas externos residiam na sustentação da guerra imposta pelos compromissos internacionais. Ainda que no início da experiência governativa se tentassem compatibilizar as diversas opiniões, as crises sucederam-se e desenhava-se uma forte oposição entre as fações de direita e os bolcheviques. Os sintomas de mal-estar agudizaram-se em abril, quando Lenine regressou a Petrogrado. Recusando colaborar com o governo provisório, transferiu todo o poder para os sovietes e comités de operários e soldados. Foi o ponto de viragem essencial que possibilitou a eclosão da revolução. De certas áreas da vida russa surgiam cada vez mais apoiantes de Lenine: os desertores militares, os camponeses descontentes que começaram a apoderar-se das terras e os operários à espera de melhores condições de trabalho nas indústrias. Os bolcheviques ganhavam terreno: em setembro apoderaram-se dos Sovietes de Petrogrado e de Moscovo e em outubro ganharam a maioria no 2.º Congresso dos Sovietes. Sob orientação de Trotski, os bolcheviques tomaram o poder a 7 de novembro (25 de outubro segundo o velho calendário russo) e criaram o Conselho de Comissários do Povo, que tinha à frente Lenine. Procedeu-se à confiscação das grandes propriedades e criou-se o Exército Vermelho através da incorporação de voluntários. Em março de 1918 a Rússia assina a paz de Brest-Litovsk com os impérios centrais. O fantasma da revolução fora afastado da Europa ocidental e esmagado na Europa Central e o conflito remeteu-se ao seu centro ? a Rússia. Os contrarrevolucionários auxiliados pelos aliados lançam ataques antibolcheviques no mar Negro, no Norte e em Murmansk. O governo bolchevique faz um esforço enorme para resistir e cria 16 exércitos. Para derrubar a contrarrevolução, o Partido Comunista passou a exercer um poder ditatorial que substituía o poder por Sovietes ? todos os objetivos subordinavam-se ao interesse da Revolução. Após três anos de guerra civil, os bolcheviques alcançaram a vitória no Volga em 1919 e em 1920 os exércitos brancos são esmagados e expulsos. Assinaram-se tratados com os países vizinhos e reconheceu-se a independência das províncias bálticas, da Polónia (Tratado de Riga em 1921) e do protetorado da Finlândia. Apesar da vitória sobre os contrarrevolucionários, a economia da União Soviética encontrava-se muito debilitada, a fome era uma dura realidade e muitas pessoas perderam a vida. Ocorriam divisões e rivalidades na esfera política e sindical ? os militantes são chamados a escolher entre a social-democracia e o comunismo (fiel à inspiração inicial do marxismo). O alcance revolucionário não se reduzia apenas a uma contestação ao regime político pondo em causa também a ordem social. Terminada a Primeira Grande Guerra o ideal revolucionário espalhou-se rapidamente pela Europa. Em março de 1919 Lenine criava a 3.ª Internacional, a Internacional Comunista - o Komintern ? com o objetivo de dirigir a revolução mundial. Em 1920 tem lugar o 2.º Congresso do Komintern. Constituiu-se uma internacional sindical revolucionária. As esperançadas massas operárias de toda a Europa tinham os olhos postos no que se passava na Rússia. No entanto, depois de perdida a guerra com os bolcheviques, os aliados convenceram-se que não tinham capacidade para esmagar a revolução no seu fulcro. A estratégia seguida foi a de isolar a União Soviética e não deixar que os efeitos perniciosos da revolução contaminassem a Europa. Por outro lado, os soviéticos também abandonaram a ideia de querer implementar o espírito revolucionário imediato e total através da força, confinando-se à experiência de "construção do socialismo num só país", tese seguida por Estaline. Em fevereiro de 1921 ocorrem novas manifestações operárias em Petrogrado e os marinheiros revoltam-se, mas ambas as sublevações são reprimidas. Decide-se então imprimir um rumo diferente à economia e em março de 1921 Lenine criava no Congresso do Partido Bolchevique a Nova Política Económica (NPE), que incentivava a economia de mercado e tolerava a propriedade privada: as empresas deixaram de ser controladas pelo Estado, os camponeses podiam vender livremente os excedentes e o comércio voltou a ser controlado por particulares. Em 1925 a produção industrial tinha voltado a atingir bons níveis de produção. Durante este mesmo ano a Rússia firma um acordo comercial com a Grã-Bretanha, dando seguimento a um relançamento de relações comerciais internacionais com alguns países. Apesar da aparente estabilidade económica nos anos que se seguiram à Revolução, a Rússia encontrava-se isolada, as relações com as outras potências não eram as mais cordiais e os ideais de melhoria de condições de vida das classes oprimidas nem sempre foram postos em prática, pondo em causa a eficácia da instituição socialista. A morte de Lenine em 1924 deixaria incompleto o trabalho iniciado e que iria prosseguir com Estaline, mas segundo novos pontos de vista.>>

 INFOPÉDIA


Esta imagem mostra a luta do povo russo contra os capitalistas e contra a propriedade privada.


“Uma revolução, uma revolução real, profunda, do povo, para usar a expressão de Marx, é o processo incrivelmente complicado e penoso de morte de uma velha ordem social e o nascimento de uma nova, o ajustamento das vidas de dezenas de milhares de pessoas. Uma revolução é a mais aguda, mais furiosa e desesperada luta de classes e guerra civil. Nenhuma grande revolução da história escapou da guerra civil.
Se não houvesse circunstância excepcionalmente complicadas, não haveria revolução. Quem teme os lobos não vai à floresta”

Lênin. In: Leo HUBERMAN. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1979. P. 286.)

Neste documento vemos que a revolução russa teve como base as ideias de Marx. (“Uma revolução, uma revolução real, profunda, do povo, para usar a expressão de Marx”).

Sendo o marxismo-leninismo o sistema defendido na revolução. As principais ideias eram o fim da propriedade privada, o Estado cada vez mais centralizado e ditatorial e o país onde todos eram iguais. Lenine, o principal defensor desta ideologia, adaptou as estas ideias à situação russa. (“o ajustamento das vidas de dezenas de milhares de pessoas.”)

Era então inevitável uma revolução (“Se não houvesse circunstância excepcionalmente complicadas, não haveria revolução”.).

Neste documento também observamos um conflito de classes na Rússia entre o povo e os patrões, capitalistas e burgueses. Este facto conduziu futuramente a uma guerra civil entre o exército vermelho e o exército branco ( “mais furiosa e desesperada luta de classes e guerra civil. Nenhuma grande revolução da história escapou da guerra civil.”).

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Rápido desencanto com a realidade da guerra
"De repente, uns silvos estridentes nos precipitaram ao chão, apavorados. A rajada acaba de estalar sobre nós. Os homens, de joelhos, encolhidos, com a mochila sobre a cabeça e encurvando as costas, se apegavam uns aos outros. Por baixo da mochila dou uma espiada nos meus vizinhos: arquejantes, sacudidos por tremores nervosos e com a boca contraída numa contração terrível, batiam os dentes e, com a cabeça abaixada, tem o aspecto de condenados oferecendo a cabeça aos carrascos. Esta espera da morte é terrível. O cabo, que havia perdido seu capacete, me diz: rapaz, se soubesse que isso era a guerra e que vai ser assim todos os dias, prefiro que me matem logo. (...) Na sua alegre inconsciência, a maioria dos meus camaradas não havia jamais refletido sobre os horrores da guerra e não viam a batalha senão pelas cores patrióticas: desde nossa saída de Paris, o Boletim do Exército nos conservava na inocente ilusão da guerra ser um passeio e todos acreditavam na história dos boches se renderem aos magotes. (...) A explosão daquele instante, sacudiu nosso sistema nervoso, que não esperava por isso, e nos fez compreender que a luta que começava seria uma prova terrível. Escute meu tenente, parece que se defendem estes porcos!"
- Diário do ten. Galtier-Boissière, na frente ocidental em 22 de agosto de 1914.

Muitos países que participaram na 1 guerra mundial tinham a ideia que esta iria acabar rapidamente.
Neste documento verificam-se os nervos com que muitos soldados ficavam quando se dirigiam para o campo de batalha ("sacudidos por tremores nervosos ") e também a ideia que muitos tinham de que a guerra ia ser dura,longa e  terrível ( "que a luta que começava seria uma prova terrível"). Os movimentos patrióticos e nacionalistas eram também evidentes nesta guerra, tendo muitos uma ideia errada da dimensão e das consequências do conflito( "a maioria dos meus camaradas não havia jamais refletido sobre os horrores da guerra e não viam a batalha senão pelas cores patrióticas").



Baixas entre as oito potências - 1914/1918

Países
Mobilizados entre 1914-11918 (em milhões)
Mortos
Feridos
% de mortos, inválidos ou feridos em relação ao total mobilizado
França
8.410
1.35
3.5s
60
Grã-Bretanha
8
0.95
2
37
Itália
5.250
0.5
?
-
Estados Unidos
4
0.1
?
-
Rússia
-
2.3
?
-
Alemanha
13
1.6
4
41
Austria-Hungria
9
1.45
2
38
Turquia
-
0.4
?
-

 
Perdas materiais da França

Escolas
1.500
Igrejas
1.200
Edifícios Públicos
377
Fábricas
1.000
Outros edifícios
"246.000
1.875 milhas quadradas de florestas devastadas
8.0 milhas quadradas de terras cultivadas.

Fonte: Martin Gilbert; O Tratado de Versalhes, In His do Sec. 20.
Empréstimos aos aliados (em libras)
Países
Grã-Bretanha
EUA
Grã-Bretanha
-
3.164,80
França
1.590,60
2.092,20
Itália
1,514,80
1.168,20
Rússia
2.082,00
138,00
Outros
1.184,00
3.367,00
Total
6.371,40
9.930,20
Nestes 3 quadros estão presentes algumas das consequências da primeira guerra mundial.
No primeiro quadro observamos as baixas humanas nas oito principais potências. Sendo que milhões de pessoas morreram, ficaram feridas ou mesmo inválidas. Também a percentagem de mortos, feridos ou inválidos em relação ao total mobilizado, nestes países é elevada, apresentado valores em alguns casos superiores a 50 %. Na minha opinião isto aconteceu porque esta guerra de trincheiras foi muito cansativa e dura, morrendo muita gente à fome, à sede ou com fadiga e não propriamente no conflito armado. Noutros casos os exércitos mal armados podem justificar esta situação.
No quadro seguinte comprova-se a devastação que a França, um país europeu, apresentava. Depois da guerra os países europeus estavam completamente destruídos. Desde escolas, a fábricas até aos próprios campos agrícolas. A guerra deixou então a Europa devastada em termos económicos.
Esta situação fez com que a Europa começasse a desenvolver uma política de reconstrução e reconversão que passava pelo auxílio monetário e financeiro dos EUA( país que não foi afetado na guerra e por isso conseguiu desenvolver-se). Todo este ao auxílio observa-se no ultimo quadro. No após guerra os EUA passou a ser o principal credor da Europa e não o principal devedor.

<<As consequências imediatas da Primeira Guerra Mundial foram evidentemente as baixas humanas. O conflito fez mais de 8 milhões de mortos (1,9 milhões na Alemanha, 1,7 milhões na Rússia, 1,4 milhões na França, 1 milhão na Áustria-Hungria e 760 mil na Inglaterra), 20 milhões de feridos e 6 milhões de inválidos. Traduziu-se igualmente em grandes perdas económicas e em enormes gastos com o esforço de guerra, lançando muitos Estados em sérias crises. A Europa passou por um período de dependência económica e também de instabilidade política, perdendo a sua posição de hegemonia que ocupava no panorama mundial.
Em termos económicos, a Europa ficou completamente desorganizada, com graves problemas no setor agrícola e industrial. Os grandes beneficiários desta situação foram os EUA e o Japão. No caso do Japão, o país pôde beneficiar do afastamento dos tradicionais concorrentes europeus, o que permitiu o estímulo e a diversificação da sua indústria. Os EUA lucraram também, pois viram as suas reservas de ouro duplicar, ficando nas suas mãos cerca de metade do ouro disponível a nível mundial. Este poderio económico vai permitir ao país substituir a pouco e pouco a preponderância financeira dos europeus, em particular na América do Sul. Segundo o tratado de Versalhes (28 de junho de 1919), a Alemanha era considerada a grande responsável pela guerra, tendo que pagar 22 milhões de marcos/ouro como reparação dos danos às populações civis. Este dinheiro foi repartido na sua maior fatia pela França (52%) e pela Grã-Bretanha (22%).
Mas mais significativa que os reveses económicos foi a reconstrução política da Europa, "plasmada" em vários tratados de paz assinados após a Guerra, reunidos sob o nome de Tratados de Versalhes, cuja ineficácia ficaria provada em menos de duas décadas. As negociações de paz reuniram 32 Estados, entre vencedores e vencidos, orientados sob os princípios idealistas do presidente americano Woodrow Wilson (1913-1921). Daqui resultaram problemas políticos que seriam posteriormente o rastilho para uma guerra ainda mais letal do que a que findava. Os problemas-chave latentes eram o direito de nacionalidade das minorias assimiladas pelos Impérios Austríaco, Russo e Otomano; a repartição dos territórios coloniais, não europeus; a vexação sofrida pela Alemanha (desmilitarizada, perdendo territórios e pagando indemnizações pesadas); e o fracasso da Sociedade das Nações (SDN), incapaz de fazer respeitar os acordos e manter a paz.
O mapa geopolítico da Europa foi então redefinido sobre os escombros da guerra. A Alemanha foi forçada a evacuar a Alsácia-Lorena, pertencente à França, e a margem esquerda do Reno (Renânia). A região do Sarre ficará sob o controlo da SDN, reservando ao território o direito de optar em relação ao país que desejasse integrar (a França ou a Alemanha). A Posnânia (na Polónia) e uma parte da Prússia (território alemão no báltico oriental) são dadas à Polónia, ainda que o acesso ao Báltico fosse assegurado por um "corredor" de 80 km, separando-se a Alemanha da Prússia oriental. O território do Norte de Schleswig foi também anexado à Dinamarca, após plebiscito entre a população (1920).
A Europa central e balcânica foi totalmente reorganizada a partir do desmembramento do Império Austro-Húngaro. A Hungria viu-se, todavia, amputada de parte do seu território pelo tratado de Saint-Germain-en-Laye (10 de setembro de 1919), perdendo ainda outras regiões através do disposto no tratado de Trianon (4 de junho de 1920). Segundo o tratado de Neuilly (novembro de 1919), a Bulgária foi forçada a ceder a Trácia à Grécia e a Macedónia à Sérvia. A Turquia teve também que abandonar as suas possessões árabes e a Terra Santa, o que correspondia a quatro quintos do seu império (tratado de Sèvres, 10 de agosto de 1920). Relativamente à Polónia, o tratado de Versalhes pouco precisou no que diz respeito à sua fronteira oriental com a Rússia. O desmembramento do Império dos Habsburgos (Áustria-Hungria) vai beneficiar a então recente república checoslovaca, a Roménia e a Sérvia, cujo Estado ficava com a posse da Eslovénia, a Croácia (com a Dalmácia).
Aos impérios históricos, formados sob o princípio da legitimidade, sucediam-se os novos países criados sob o princípio da nacionalidade, face à eclosão de diversos movimentos nacionalistas. Húngaros, polacos, checos e eslovacos e povos da ex-Jugoslávia proclamam a sua autonomia logo em 1918 no fim da guerra, enquanto se ouvem também os protestos de albaneses, arménios e gregos orientais (da Turquia). Ao mesmo tempo, os países que perderam com o alinhamento das fronteiras, como a Hungria e a Alemanha, mostravam o seu descontentamento aderindo a ideais como os saídos da terceira Internacional comunista ou mesmo a outros de expressão mais extremista, de direita nacionalista.
A Europa dividiu-se politicamente. A vitória dos Aliados era entendida como a vitória da democracia face aos impérios autocráticos. O garante desta nova ordem seria a SDN, instituída pelo tratado de Versalhes. A Sociedade tinha uma dupla função: por um lado, garantia a paz e a segurança internacional, e por outro devia desenvolver a cooperação entre as nações, encarando o espírito universal do parlamentarismo. Contudo, porque baseada em equívocos, a sua ação irá revelar-se insuficiente para evitar o deflagrar de um novo conflito.>>
Infopédia
Guerra das trincheiras
 Sociedade das Nações

Novo mapa geopolítico na Europa